sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Comecei a perceber a miséria humana nas primeiras viagens de Fortaleza para Itaiçaba, de ônibus e de caminhão. Numa das vezes que parei na estrada, em algum lugar, para tomar água e comer uma broa ou algo assim, havia um homem e uma mulher sentados no chão assim do lado, abandonados. Uns vinte dias depois, quando voltava para Fortaleza, o carro parou no mesmo lugar e o homem e a mulher estavam lá no mesmo lugar, no mesmo chão, com a mesma atitude, do mesmo jeito. Quer dizer, em vez de essas pessoas consumirem a vida, elas estavam sendo consumidas pela vida. Disso nunca esquecerei. Esse quadro de miséria que não se modificava me chamou demais a atenção.

o calor da tela - pedro jorge de castro – cineasta

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