quinta-feira, 29 de maio de 2008

Singularidades, vejo-as de três espécies. Seguramente, as pessoas singulares, insubstituíveis. Nossos papéis sociais poderão substituir-nos uns pelos outros, mas não poderemos substituir uns aos outros em nossa qualidade absolutamente singular. Cada rosto é único.

Mas há outras singularidades. Há as obras de arte. Cada obra de arte é a solução de um problema. Cada estilo é a solução singular trazida a um problema singular: como combinar a forma, a luz, a cor? Cada pintor resolve esse problema à sua maneira.

E depois, a singularidade existe também na natureza. Uma paisagem não é um recorte do espaço, simplesmente; é uma totalidade única em seu gênero, na sua cor, ou em outra coisa qualquer. Então, aí, penso em pintores que pegaram, por exemplo, o mesmo feixe de feno em plena luz ou nas trevas. Monet, as ninfas... essas variações ínfimas da mesma coisa, de algum modo abstrata, que seriam os nenúfares; mas é cada vez único, singular.

paul ricœur – filósofo francês
(a respeito da frase de espinosa: quanto mais compreendemos as coisas singulares, mais compreendemos deus)

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